Mulheres idosas são principais alvos de donos de bingos

Passam-se os anos, as rugas aparecem, chega a hora da aposentadoria e, com a idade cada vez mais avançada vem a solidão; até a presença de amigos e familiares se torna escassa. De repente, surge o convite irrecusável para visitar uma casa de jogos, discreta, onde são bem recebidas e tratadas como membros da “família”. E, para grande parte delas, a primeira visita é apenas o começo de um vício que pode levar a consequências devastadoras.




São elas, as mulheres idosas, o principal alvo dos donos de jogos de bingo em Maceió, de acordo com o Gecoc (Grupo de Combate às Organizações Criminosas do Ministério Público Estadual). No mês de abril, onze casas que funcionavam clandestinamente na capital foram fechadas e dezenas de funcionários e usuários foram detidos, em duas operações da Força Nacional provocadas pelo grupo de promotores.

Entre os usuários dos bingos, prevaleciam as mulheres, a maioria delas idosas, entre 50 e 70 anos, como explica o promotor de Justiça Alfredo Gaspar de Mendonça, presidente do Gecoc. “Para se ter uma ideia, em uma operação encontramos uma senhora que tinha 83 anos. Elas são o público-alvo dos bingos. São mais vulneráveis. Durante as investigações percebemos, inclusive, que o horário de maior movimento nas casas era o horário comercial, porque a maioria delas é de aposentadas. Elas mentiam para a família, diziam que iam a outros lugares, quando na verdade iam para os bingos”, diz o promotor.

Nos depoimentos, segundo Alfredo Gaspar, as mulheres relataram histórias de vícios que destruíram patrimônios e laços familiares. “Muitas delas agradeciam muito pelo fechamento das casas, porque estavam perdendo tudo e não tinham forças para largar o vício. Algumas perderam emprego e família. A história começa como uma integração a um grupo, já que os funcionários dos bingos tratam os clientes muito bem, mas termina com um final triste, onde até a autoestima é destruída”, conta o presidente do Gecoc.


Máquinas serão doadas

Nas duas operações realizadas em abril, dezenas de máquinas caça-níqueis foram apreendidas pela Força Nacional e encaminhadas à Polícia Civil, para serem submetidas a perícias. O Gecoc acredita que as máquinas foram adulteradas para garantir a derrota dos jogadores e aguarda a finalização das perícias para doar os computadores a escolas e comunidades carentes do Estado. “Queremos punir os criminosos e aproveitar os equipamentos da melhor forma”, diz Alfredo Gaspar.

Para denunciar o funcionamento de outros bingos, o MP disponibiliza o canal de denúncias pela internet. Clique aqui para acessar.


Fonte: tudonahora.com.br

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