O triste cenário volta a se repetir em Rio Largo: alunos de escolas públicas estão sendo liberados mais cedo das aulas por falta de merenda. As equipes de reportagem da TV Pajuçara foram até o município para registrar a situação. Em algumas unidades, os próprios servidores estão comprando alimentos para fornecer aos estudantes. A falta de merenda se soma à falta de estrutura, que faz muitos alunos assistirem aulas no chão, por falta de carteiras.
A escola Luiggi Bauducco, por exemplo, é modelo no que se refere à estrutura, um das mais modernas no estado, mas sofre com a falta de merenda. Há quase 20 dias sem receber merenda, a escola corre o risco de ter o ano letivo atrasado. Além disso, os alunos estão saindo mais cedo das aulas, e o número de faltosos é crescente.
“Ainda não temos perspectivas para voltar a receber a merenda. Os alunos estão sentindo falta, pois muitos deles não têm nem o que comer em casa. Em muitos casos, eles vêm para a escola para se alimentar, e se não há comida, faz falta”, afirmou a diretora Maria Izabel Neta. Segundo ela, macarrão, arroz, frios, frango, salsicha, carne moída, achocolatado, leite, margarina, verdura, sopa, frutas e até mesmo queijo faziam parte da alimentação das crianças.
A escola foi reinaugurada em maio deste ano, depois de ter sido destruída pela enchente de junho de 2010, que devastou Rio Largo e outras 18 cidades. Foi a primeira das 55 escolas incluídas na reconstrução da cidade. A Luigi Bauducco foi também a primeira escola ecológica do Brasil, sendo orçada em R$ 900 mil. O local possui seis salas com capacidade para 360 alunos da educação infantil e ensino fundamental, contendo ainda blocos administrativo, de serviços, biblioteca, laboratório de informática e quadra de esportes –esta em fase de recuperação.
Saindo mais cedo
A falta da merenda está gerando um crescente número de alunos faltosos, e também obriga aos professores a diminuírem a carga horária. Normalmente, as aulas eram dadas das 7h30 às 11h30 e das 13h às 17h, mas agora os alunos estão saindo até 1 hora e 30 minutos mais cedo.
“Não temos como cumprir todo o plano de ensino. A frequência e a quantidade de alunos têm diminuído e muitas vezes precisamos fazer revisões. Alguns professores optam por não dar o intervalo – de 30 minutos no Infantil e 20 no Fundamental – para tentar compensar”, afirmou uma professora que preferiu não se identificar.
Falta estrutura
Mas o mal da falta da falta de alimentos não é o único problema entre as unidades de ensino do município. Na escola Jorge Dória, não há cadeiras para os alunos sentarem e o jeito é assistir às aulas no chão, de improviso.
Quando o sinal de entrada toca, a correria é grande para tentar pegar as poucas cadeiras existentes nas salas. E mesmo assim, isto não é garantia de conforto: muitas das cadeiras estão quebradas, sem encostos e enferrujadas, causando riscos à saúde dos estudantes.
Na mesma escola, os alunos do oitavo ano ficam amontoados no fundo da sala, porque a parede da unidade de ensino fica colada nos fundos do forno de uma padaria. Não há janelas na sala e o calor é insuportável, como mostra a reportagem da TV Pajuçara. O jeito é se juntar para disputar o melhor lugar embaixo do único ventilador que funciona na escola.
“Dinheiro está na conta”
O TNH1 também ouviu a prefeita de Rio Largo, Fátima Santos. De acordo com ela, o problema com a merenda "está no Conselho de Alimentação Escolar (CAE), que fica emperrando o processo”. “Tudo isso tem que passar pela questão jurídica e temos que seguir os tramites legais. O dinheiro já está na conta, ninguém está desviando nada. Tudo está sendo resolvido”, disse.
“Fizemos a licitação e precisamos seguir o passo a passo. O pessoal do CAE sabe de tudo o que fazemos e fica emperrando. Não podemos fazer de qualquer jeito, existe a degustação, a avaliação da nutricionista, entre outras coisas. Mas ao invés de ajudarem, estão atrapalhando.
Mas estamos vencendo o processo dentro da legalidade”, reiterou a prefeita.
Fonte: tudonahora.com.br
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