Camelôs voltam a ocupar ruas do Centro de Maceió



Após a Superintendência Municipal de Controle e Convívio Urbano (SMCCU) ter retirado os camelôs das ruas do Centro de Maceió, um novo tipo de ambulante invadiu o local e está tirando o sossego dos fiscais do órgão municipal, que não sabem o que fazer diante do novo problema. Apelidados de “formiguinhas”, centenas de ambulantes percorrem as ruas do Centro negociando mercadorias. Para driblar a fiscalização, eles não estabelecem ponto fixo e fazem suas vendas com as mercadorias penduradas em grades, carregadas nos braços.

A novidade está provocando insatisfação e inúmeras reclamações. Lojistas estabelecidos no Shopping Popular Nossa Senhora de Fátima e os camelôs dos estacionamentos da Praça Palmares, que outrora ocupavam os espaços do Calçadão do Comércio, reclamam da competição desleal estabelecida entre os ambulantes que estão circulando pelas ruas do Centro e os que estão limitados aos espaços determinados pela SMCCU e pela Secretaria Municipal do Trabalho, Abastecimento e Economia Solidária (Semtabes).

“Estamos tendo prejuízos enormes com essa grande quantidade de ambulantes no comércio. 

Se os clientes têm acesso às mercadorias pelas ruas, porque vão gastar tempo vindo para o Shopping Popular? Isso é injusto. Já solicitamos que a prefeitura intervenha nessa situação, determinando a retirada de todos os ambulantes do comércio”, disse o presidente da Associação dos Camelôs de Maceió, Rosivaldo Moura.

Segundo ele, grande parte dos ambulantes que está pelas ruas do Centro foi contemplada com boxes no Shopping Popular, mas só utiliza os espaços para guardar mercadorias. “Tem um monte de boxes servindo apenas como depósito. Eles guardam a mercadoria aqui, mas vão trabalhar na rua. Isso está errado. Estamos esperando providências da Semtabes”, afirmou.

O superintendente da SMCCU, Galvacy de Assis, está preocupado com o significativo aumento do número de ambulantes nas ruas, mas disse que ainda não sabe o que fazer diante da situação. “Algumas pessoas dizem que todos têm o direito de ir e vir no espaço público, isso eu entendo, mas o problema é que os ambulantes estão negociando pelas ruas e isso, a meu ver, é uma atividade incorreta, pois o Ministério Público orientou que nenhum camelô ou ambulante fique nas ruas do Centro. Para não fazer nada errado, estou buscando orientação junto ao MP para ver que atitude tomar diante do caso”, explicou Galvacy de Assis.

Apesar de admitir que não tomará nenhuma medida antes da orientação do MP, Galvacy de Assis alerta que os fiscais da SMCCU estão autorizados a apreender todas as mercadorias dos ambulantes que estiverem parados em pontos fixos. “A fiscalização continua e as mercadorias que estiverem no chão ou em barracas serão apreendidas”, afirmou o superintendente.

A recomendação para retirada de todos os camelôs do Centro de Maceió foi feita pelo Ministério Público, por meio da Promotoria do Meio Ambiente, que justificou a decisão afirmando que as ruas do Centro estavam tomadas pelos camelôs, havendo inclusive a abertura de “filiais”, que dificultavam a circulação da população e prejudicavam as atividades do comércio formal. A investigação do MP chegou a constatar que um mesmo camelô possuía 14 bancas espalhadas pelo comércio.


Lucro obtido nas ruas é muito maior que o do Shopping Popular, afirmam ambulantes

O grande motivo para os camelôs que foram contemplados com boxes no Shopping Popular e espaços nos estacionamentos da Praça Palmeiras optarem pelo retorno às ruas é o expressivo aumento das vendas e, consequentemente, dos lucros, possibilitado pela maior aproximação com as pessoas que transitam pelo calçadão do comércio.

Um exemplo disso é o ambulante José Dantas, de 50 anos, que comercializa óculos esportivos. Segundo ele, no Shopping Popular seu ganho diário não superava R$ 15, preço médio cobrado por uma única peça. Após ter pendurado os produtos em uma placa de isopor e voltado para as ruas, as vendas dispararam, chegando a ganhar R$ 200 em um único dia.

“A gente vende muito na rua porque está em contato direto com as pessoas. Muita gente vai comprar um eletrodoméstico ou uma roupa e acabam comprando os óculos também. Elas vêm para comprar outras coisas, mas acabam levando uma mercadoria nossa porque estamos pertinho. Não posso ficar no box do Shopping Popular sabendo que aqui vou ganhar mais”, disse José Dantas.

Segundo o ambulante, cerca de 400 pessoas, entre antigos e novos camelôs, circulam pelas ruas do Centro da cidade. “Tem muita gente nova aproveitando que a maioria dos camelôs saiu daqui para ganhar uns trocados” afirmou.

Fonte: tudonahora.com.br

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