Prefeituras de Alagoas viram negócio de família

Rodrigo Tenório: “Em vez da violência bruta que abrandou no pleito deste ano, ganhou força o coronelismo financeiro”

 

 

Em Arapiraca, maior colégio eleitoral alagoano depois da capital, a candidatura da deputada federal Célia Rocha (PTB) à Prefeitura está sendo questionada na justiça ante evidências de que ela vive em união estável com o atual prefeito, Luciano Barbosa (PMDB), embora não sejam casados. A lei proíbe que um cônjuge substitua o outro no cargo. Luciano nega que mantenha algum tipo de relação íntima com a deputada, mas evita falar do assunto. “É baixaria, estão se apegando a questões pessoais para nos atingir. A justiça validou a candidatura e é isso que importa, vamos pro voto”, desconversou ele.

Longe de ser exceção, o truque usado em Arapiraca espalhou-se como praga em Alagoas, onde os clãs que dominam a política nos municípios estão usando brechas na lei para colocar parentes e apaniguados, como tios, primos, cunhados e até amantes e “laranjas” à frente da Prefeitura, quando o titular completa o segundo mandato, a fim de manter o poder nas mãos do grupo familiar. Estimativas do Observatório Eleitoral da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e do Ministério Público indicam que mais de 50% dos municípios alagoanos exercem esse sistema de domínio por clãs, do tipo porteira fechada.

Segundo o procurador-regional eleitoral Rodrigo Tenório, entre as preocupações do MP, “a mais crucial é com a compra de voto, o eleitor de cabresto, um problema que persiste na maior parte dos municípios”. A seguir vem o uso da máquina pelos prefeitos atuais em causa própria ou dos candidatos da situação. Uma terceira preocupação diz respeito às brechas na aplicação da lei da ficha limpa. Mais de vinte candidatos, abrangendo 20% dos 103 municípios alagoanos, disputam a eleição no estado sub judice por questões de inelegibilidade ou envolvimento em processos criminais.

Para o procurador, o histórico de corrupção eleitoral persiste em Alagoas, mas os currais mudaram de forma. “Em vez da violência bruta, que abrandou no pleito deste ano, ganhou força o coronelismo financeiro”, disse ele. “Nos municípios, a política passou a ser um negócio familiar e os clãs se perpetuam no poder com a compra escancarada de voto”, explicou o presidente da OAB, Omar Coelho. Até agora não houve sequer um homicídio de mando por conta da eleição, mas cresceu a quantidade de denúncias envolvendo eleitor de cabresto que vende o voto por bens, dinheiro ou favores.


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Fonte: extralagoas.com.br

 

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