Confronto de família marca julgamento de promotor

O julgamento do promotor Carlos Fernando Barbosa de Araújo, acusado de violência sexual contra duas filhas e uma enteada, ainda não tem data para ser concluído, mas um dos resultados do processo já é certo: a família do réu está dividida. Duas filhas que dizem ter sido vítimas e uma ex-mulher estão na acusação. Do outro lado, tentando livrá-lo da condenação por crime hediondo e a consequente perda do cargo, outros dois filhos e a primeira esposa. Todos eram para ter sido ouvidos, na manhã desta quinta-feira (18), em audiência no Fórum de Maceió, mas a audiência foi adiada.

Apesar do processo correr em segredo de justiça por se tratar de crime de violência sexual, Elizabeth Rodrigues, ex-mulher de Carlos Fernando, afirmou com a imprensa sobre a expectativa em ver o promotor condenado ao fim do julgamento. "Tenho fé que esse pedófilo vai pegar pena máxima pelo que fez com as meninas e vou brigar até o fim para que o caso não fique impune. Até hoje elas precisam de acompanhamento médico e psicológico. Os danos foram irreversíveis", ressaltou, lembrando que na época as vítimas tinham idade entre 8 e 12 anos.

Elizabeth Rodrigues lembra que ficou sabendo da violência sexual depois e perceber que a filha mais nova passava por problemas de comportamento. "Fui procurada pela filha dele que na época tinha 12 anos e contou que havia sofrido abusos quando era criança e que temia o pai poderia estar fazendo o mesmo com irmã mais nova. No outro dia procurei o Ministério Público e denunciei tudo", afirmou.

Na porta da 4ª Vara, mas em outro banco, outra parte da família do promotor Carlos Fernando aguardava para depor pela defesa. Evitando falar com a imprensa, por alegar estar o processo em segredo de Justiça, uma filha e um filho maiores de idade, além de uma ex-esposa, se preparavam para rebater a acusação de estupro contra o membro do Ministério Público. A filha mais velha quando perguntada se era ela a irmã que havia sido violentada quando criança, respondeu: "Deus me livre ser essa pessoa", sem fazer qualquer outro comentário.

Entre as testemunhas de acusação está também um frei, que pediu para não ser identificado, mas que disse acreditar na inocência do promotor. "Não acredito que ele tenha feito isso com as filhas. Frequentava a casa dele e nunca percebi qualquer comportamento suspeito", disse o religioso.

O advogado de defesa, Bruno Barros, afirmou que vai mostrar durante o julgamento a figura do pai, do provedor. "Ninguém melhor para fazer isso que os próprios filhos e uma ex-mulher, que vão testemunhar pela defesa", frisou.

Os depoimentos desta quinta-feira foram adiados, já que o cartório da 4ª Vara não intimou o procurador de Justiça, Afrânio Roberto Queiroz, responsável pela acusação contra o promotor. "Remarcamos para a próxima quinta-feira (25) a oitiva das testemunhas de acusação e sexta-feira (26) o depoimento das de defesa e o interrogatório do réu", explicou o juiz Hélder Loureiro.

O magistrado explicou que está conduzindo o processo por delegação do Tribunal de Justiça, que é o órgão competente para julgar o promotor. "Como o relator, desembargador Orlando Manso, estava com uma grande demanda de trabalho, ele delegou a instrução para a 4ª Vara Criminal. A expectativa é de que tudo esteja pronto para o julgamento até dezembro. As vítimas e algumas testemunhas de acusação já foram ouvidas. Existem ainda quatro testemunhas que serão ouvidas por carta precatória, já que não residem na Comarca de Maceió", explicou Hélder Loureiro.


Lembre o caso

Carlos Fernando foi denunciado em 2006 pela ex-esposa, que ouviu de uma das filhas a história dos abusos sexuais, e depois ficou sabendo que a prática se estendia a outra filha e uma enteada. Na época, ele era promotor em Anadia – suas atribuições incluíam a promotoria de defesa da criança e do adolescente – mas residia em Maceió.  Os fatos teriam ocorrido entre os anos de 1993 e 2003 e de 2000 até 2006, quando uma das filhas já era adolescente. 

O processo administrativo foi aberto pelo Ministério Público Estadual em 2006. Carlos Fernando foi preso em 2008, e ficou mais de um ano na prisão, até que em agosto de 2009 o Tribunal de Justiça lhe concedeu habeas corpus para ele responder em liberdade.

Fonte: tudonahora.com.br

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